ARCABOUÇO ACADÊMICO | CHAMADA DE ARTIGOS
Chamada dos organizadores para o Dossiê "Revoluções, Insurreições e Resistencias" da
Revista Tempos Históricos:
O século XX terminou com um grande vitorioso: o capitalismo. Tão vitorioso que se travestiu de História. Deixou de ser nomeado, passou a ser a própria história. Lenin quando teorizou o capitalismo apontava o imperialismo como a face superior do capitalism o. Os apologistas da vitória do capitalismo transformaram o capitalismo na fase superior da história. Com isso, elidiram a noção dos conceitos de imperialismo. E, com isso, fizeram desaparecer a ideia de revolução. Desqualificaram-na, jogaram-na na lata de lixo de história.
A historiografia não se dá no vazio, mas em uma relação direta com as relações sociais em que são estabelecidas. Esse complexo contexto do final dos anos 1980 em diante ajudou a levar ao mitigamento de estudos sobre o tema da revolução, das insurreições e das resistências. E também tem levado à inviabilização daqueles que seguem sendo produzidos.
As efemérides não devem dar a pauta para os historiadores, mas aproveitá-las pode contribuir para dar um salto de qualidade nas interpretações que colocam em foco o debate e a reflexão sobre processos históricos que foram de certa forma abandonados, relegados ao esquecimento ou desqualificados de forma simplória, como resultado de escolhas políticas e ideológicas.
Nesse sentido, ensejando os cem anos da Revolução Soviética (revolução russa?), o número 21.2 da Revista Tempos Históricos apresenta dossiê, por nós organizado, que trata do tema das revoluções, das insurreições, das insurgências e resistências ao longo da história. Leituras críticas, estudos qualitativos, análise concretas de processos, discussões teóricas, manifestações culturais, relações de trabalho, a forma dos Estados socialistas (as distintas características assumidas pelos regimes socialistas), o eurocomunismo e etc., são alguns dos temas esperados para compor o dossiê temático.
É preciso que se diga que o tema da Revolução Soviética se tornou um paradigma do “perigo comunista” a partir dos anos 1920. Passou a ser uma expressão desde logo ideologizada, cuja realidade é até hoje pouco conhecida. Esta seria a marca que se colaria a todos os outros processos revolucionários vividos nos anos nas décadas seguintes, pelo menos até a Revolução Cubana, no caso latino-americano. Portanto, este número está aberto a contribuições versadas sobre a temática das revoluções de forma mais ampla, não se atendo apenas à soviética, abarcando, inclusive, processos anteriores a ela. O objetivo é que a soma dos materiais disponíveis nos permitam aprimorar nosso conhecimento e nossa capacidade de problematizar a temática das revoluções sociais.
Prazo para submissão: 15 de setembro de 2017
Submissão e mais informações
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